Tecnologia blockchain pode auxiliar cientistas na compreensão da origem da vida
Uma equipe de químicos conseguiu utilizar a tecnologia blockchain, originalmente desenvolvida para o mercado de criptomoedas, em uma rede de computadores que pode auxiliar cientistas de todo o mundo a investigarem a origem da vida na Terra — ou seja, a tecnologia que popularizou o Bitcoin pode ir muito além do setor financeiro. O estudo foi publicado na revista científica Chem.
A blockchain é usada para minerar criptomoedas e funciona como uma tecnologia que pode solucionar problemas matemáticos para ‘liberar’ os tokens digitais. Dessa forma, a equipe utilizou os processos da blockchain para gerar uma grande rede de reações químicas e buscar pelas moléculas prebióticas que originaram a vida há bilhões de anos.
Os cientistas explicam que, como não possuíam nenhum supercomputador para realizar os cálculos desta pergunta, eles utilizaram a plataforma de mineração de criptomoedas Golem.
Após aplicar os dados necessários, o mecanismo computacional resultou em formas primitivas de metabolismo, sugerindo que a vida no planeta surgiu sem a interferência de enzimas ou proteínas que poderiam auxiliar as reações químicas primitivas.
“Ele [Golem] permite que você obtenha poder de computação em troca dessa criptomoeda. Assim, eu poderia alugar o tempo ocioso do seu computador. Estávamos procurando uma maneira de aumentar nossa capacidade computacional, e este é um esquema de computação mundial onde tivemos milhares de pessoas cooperando conosco e nos garantindo o uso de cerca de 20.000 CPUs em todo o mundo”, disse o líder do estudo, Bartosz Grzybowsk, associado do Instituto Coreano de Ciências Básicas e da Academia Polaca de Ciências.
Blockchain e a origem da vida
Antes de começar a usar o Golem para buscar por resultados, os químicos criaram a Rede da Primeira Vida (NOEL) com dados das moléculas que, possivelmente, estavam na Terra há aproximadamente 4 bilhões de anos — nesta lista, estavam inclusos elementos como a água, amônia e metano.
Após analisar 11 bilhões de reações prebióticas, a equipe reduziu o número para 4,9 bilhões de reações gerenciáveis; assim, o resultado de NOEL apresentou algumas centenas de moléculas que poderiam originar a vida.
O estudo aponta que essas centenas de reações são consideradas auto-replicantes; isso significa que as moléculas poderiam produzir cópias de si mesmas. Um dos fenômenos considerados necessários para o surgimento da vida é, justamente, a auto-replicação.
De qualquer forma, isso não significa que os cientistas encontraram a resposta para a origem das plantas, dos animais e da humanidade, mas sim que a blockchain pode auxiliar na busca por uma conclusão mais precisa dessa pergunta primordial.
“Espero que as pessoas da ciência da computação possam descobrir como podemos tokenizar criptomoedas de alguma forma que possa beneficiar a ciência global. Talvez a sociedade pudesse ficar mais feliz com o uso de criptomoedas, se pudéssemos dizer às pessoas que, no processo, poderíamos descobrir novas leis da biologia ou algum novo medicamento contra o câncer”, acrescenta Grzybowski.
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Via Tecmundo