Serra do Amolar tem primeira área do Pantanal a receber certificado de crédito de carbono
Projeto gerido pelo Instituto Homem Pantaneiro garante a conservação de mais de 135 mil hectares na região, que forma um corredor de biodiversidade para a onça-pintada e outras dezenas de espécies animais
Nesta terça-feira (30) o Governo do Estado lançou o REDD+ Serra do Amolar (sigla significa Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal), o primeiro projeto a certificar créditos de carbono relativos a desmatamento e degradação evitados no Pantanal e o primeiro, no mundo, a ser certificado em áreas úmidas.
O lançamento representa mais um passo importante na estratégia de tornar Mato Grosso do Sul um território Carbono Neutro até o ano de 2030.
O projeto gerido pelo Instituto Homem Pantaneiro garante a conservação de mais de 135 mil hectares na região da Serra do Amolar, que forma um corredor de biodiversidade para a onça-pintada e outras dezenas de espécies animais.
Foram certificados mais de 231 mil créditos de carbono que serão comercializados no mercado voluntário internacional e têm o potencial de reduzir cerca de 430 mil toneladas de CO2e até 2030.
O modelo do IHP é baseado em indicadores e ODS e recebeu a certificação da Verra por executar atividades de redução de emissão de gás do efeito estufa (GEE) e de proteção da biodiversidade, em especial, a onça-pintada. Estas atividades geram créditos comercializáveis no mercado voluntário de carbono e garantem sustentabilidade para gestão das áreas protegidas.
De acordo com o Instituto Homem Pantaneiro, “o projeto comprova a adicionalidade das atividades, considerando que mesmo sendo RPPNs, com status de unidade de conservação, a gestão realizada na área é o que garante a proteção do bioma, a mitigação de mudanças climáticas e o ambiente adequado para a maior densidade de onças do mundo”.
Durante o evento de certificação, realizado na sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) em Corumbá, o Estado reforçou seu pioneirismo nas políticas de conservação ambiental e de fomento ao desenvolvimento sustentável.
Jaime Verruck, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), reforça que o REDD+ está alinhado com as estratégias de Mato Grosso do Sul.
“Trata-se de uma iniciativa totalmente alinhada com o modelo de conservação ambiental e de desenvolvimento sustentável que fomentamos para o nosso Estado e que corrobora com a nossa política estratégica de tornar Mato Grosso do Sul um território efetivamente reconhecido como Carbono Neutro”.
Além disso, o secretário acredita que as áreas de conservação da fauna e da flora também podem se tornar uma fonte de renda.
“Esse projeto representa, para o Pantanal e para os pantaneiros, uma comprovação de que a conservação de áreas e de espécies como a onça, além de serem obrigação legal, podem representar uma nova fonte de renda”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
A iniciativa é do Instituto Homem Pantaneiro (IHM), com o apoio da ISA – CTEEP – Programa Conexão Jaguar e do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).
Sobre o REDD+
REDD+ é um mecanismo de reconhecimento de resultados de mitigação no setor florestal em países em desenvolvimento. O termo significa Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD). Ele inclui a conservação e o aumento dos estoques de carbono florestal, além do manejo sustentável das florestas.
Trata-se de um incentivo desenvolvido no âmbito da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados de Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação florestal. Em âmbito nacional, o REDD+ leva em consideração o desmatamento e degradação florestal; Questões fundiárias; Questões de governança florestal e considerações de gênero.
Até 2030
A meta de tornar Mato Grosso do Sul um território Carbono Neutro até o fim desta década foi firmada pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), e está tendo continuidade no governo de seu sucessor, Eduardo Riedel.
Em entrevista concedida ao Correio do Estado em 2020, o então governador revelou que o compromisso vinha sido estabelecido desde 2016, e que o governo trabalhava em medidas para, aos poucos, mitigar todas as emissões de gases causadores do efeito estufa, contribuindo assim para a agenda de redução do aquecimento global.