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“O Clone” retorna ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo”, quase duas décadas após a sua estreia

Redação
A trama abordou assuntos poucos debatidos até aquele momento, como a clonagem humana e a cultura árabe

A Globo ficou bastante conhecida por sua produção de novelas em escala industrial. Por conta do enorme volume de projetos realizados ao longo dos anos, alguns folhetins conseguem se sobressair e marcar períodos.

Prestes a completar 20 anos da exibição original, a trama, os bordões e os personagens de “O Clone” ainda povoam o imaginário de muitos telespectadores.

Todo esse universo ganha uma nova carga de popularidade com a reprise da novela na clássica faixa do “Vale a Pena Ver de Novo”, com estreou nesta segunda, dia 4.

“Mesmo 20 anos depois, o ser humano é essencialmente o mesmo, desde que o mundo é mundo. Seus instintos básicos estão ali. Cada época valoriza algumas dessas características e reprime outras, mas a essência não muda. É nisso que eu foco. Acredito que quando você consegue tocar o humano, as histórias se tornam atemporais. Podem ser compreendidas em qualquer época e por culturas muito diferentes”, valoriza Glória Perez, autora da novela.

A trama do horário nobre explorou assuntos poucos debatidos na dramaturgia até aquele momento, como a clonagem humana e a cultura árabe. A ideia principal do folhetim surgiu após a notícia da ovelha Dolly, primeiro mamífero a ser clonado com sucesso a partir de uma célula somática adulta.

“Se era possível clonar uma ovelha, não seria possível clonar um ser humano? Quis falar dos conflitos de identidade inerentes a uma experiência assim. Como se sentiria uma pessoa feita em laboratório como cópia de outra? Quis falar dos limites éticos da ciência. Para se contrapor a esse ocidente que desafiava Deus criando a vida, fui buscar uma sociedade inteiramente submetida a Deus: os muçulmanos. Por isso eles entraram na trama”, explica Glória.

O islamismo, os papéis masculino e feminino na sociedade, a dança, a língua, a culinária e as cerimônias marroquinas servem de pano de fundo para a história de amor entre Jade e Lucas, interpretados por Giovanna Antonelli e Murilo Benício.

A trama tem início na década de 1980, quando os dois se conhecem no Marrocos. Filha de muçulmanos nascida e criada no Brasil, Jade foi viver com o tio Ali, papel de Stênio Garcia, após a morte da mãe. Os dois jovens se apaixonam à primeira vista, mas são impedidos de ficar juntos por causa dos costumes muçulmanos, defendidos com rigor pelo tio de Jade.

“Mergulhar em uma cultura diferente da sua sempre é um desafio e, ao mesmo tempo, traz magia, novas descobertas, e um novo olhar. Jade foi muito marcante, minha primeira protagonista, mas tive várias personagens muito populares. Levo a Jade com muito carinho na minha trajetória”, ressalta Giovanna.

O enredo de “O Clone” ficou bastante marcado pelos bordões, como “Né brinquedo não!” e “Cada mergulho é um flash!” de Dona Jura e Odete, interpretadas por Solange Couto e Mara Manzan. O fictício Bar da Dona Jura, inclusive, recebeu uma série de participações especiais, como Ronaldinho Gaúcho, Ana Maria Braga e Zeca Pagodinho.

“Foi um trabalho divisor de águas na minha carreira. Passei a ter uma popularidade que nunca imaginei. Não teve até hoje um dia que alguém não fale o bordão ou me chame de Dona Jura (risos)”, explica Solange.

Com 221 capítulos, “O Clone” contou com cerca de 50 dias de gravações no Marrocos. O trabalho internacional foi liderado pelo diretor Jayme Monjardim, que já havia morado no país na juventude.

“Fizemos muitos deslocamentos. Trabalhamos em Fez, Marrakech, Darfur e muitos outros lugares, então nossa estadia foi longa. Gravamos sob um calor de 50 graus, mas foi inesquecível, faria tudo de novo. As lembranças são as melhores. Eu já tinha morado no Marrocos quando pequeno com a minha mãe, mas acabei tendo uma grande vivência nesse universo árabe com a novela que foi muito importante para minha vida e meu crescimento pessoal”, aponta Monjardim.

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