Nova edição do “No Limite” esquece da ação para focar em estereótipos
O reality é apresentado por André Marques e conta com ex-participantes do “BBB”
A boa repercussão das últimas edições do “Big Brother Brasil” acabou por renovar a relação entre o desgastado formato com o público, mas criou uma dor-de-cabeça para a grade da Globo.
A emissora sabia que, após longos quatro meses de exibição, dificilmente, o programa substituto conseguiria o mesmo êxito de audiência e retorno comercial.
Porém, ao rever seu catálogo, resolveu continuar na mesma linha de “realities” e reativou um grande sucesso do passado: a disputa de sobrevivência “No Limite”.
Misturando referências do programa sueco “Expedition Robinson” e do famoso americano “Survivor”, a primeira temporada de “No Limite” foi exibida com sucesso, em 2000, a ponto de ser mantido na grade e ganhar duas edições no ano seguinte.
A dose excessiva, entretanto, afastou a atenção do público. Por fim, questões burocráticas a respeito dos direitos autorais de produção fizeram a Globo decretar seu cancelamento.
Após uma breve sobrevida em 2009, a volta do “No Limite” em 2021 está atrelada diretamente ao sucesso do “Big Brother Brasil” e ao caráter insistente do diretor Boninho, eterno entusiasta do formato.
Dessa vez, em vez de abrir inscrições como qualquer “reality”, o “algo mais” da disputa foi reunir um time de ex-participantes do “BBB”.
A seleção foi feita sob medida para suprir a curiosidade do público com o esquema de diversidade que vem marcando os “realities” comandados pelo diretor.
Na lista, Íris Stefanelli, que protagonizou um tórrido triângulo amoroso na edição de 2005 e, posteriormente, virou apresentadora da Rede TV!. Ariadna, a primeira transexual a entrar na mansão do programa, em 2011.
Além da campeã e do vice-campeão da disputa de 2018, a acreana Gleici e o refugiado sírio Kaysar.
Apesar de um elenco interessante, o “No Limite” valoriza mais os talentos de sobrevivência em um ambiente hostil do que o capital psicológico de ser trancafiado em uma casa recheada de câmeras.
Sem experiência ou chance de estudar as edições anteriores, os participantes perdem muito tempo focando em picuinhas quando, na verdade, deveriam mostrar ação.
Já conhecidos do grande público, eles apostam alto nos estereótipos de mocinhos e vilões e esquecem que estão em um programa de resistência. Logo que foi anunciado o “reboot” da produção, muito se especulou sobre quem seria o apresentador da edição.
Recém-saído de “A Fazenda”, da Record, o nome de Marcos Mion até circulou pelos corredores da Globo, mas o comando ficou nas mãos do funcional e “manjado” André Marques.
A opção caseira acabou por deixar o “No Limite” com cara de requentado.
Forçando uma postura mais aventureira, André se mostra totalmente desconectado da proposta do programa.
Com o fim dos ensaios sensuais publicados pelo site “Paparazzo” e as revistas “Playboy”, “Sexy” e “G Magazine”, que davam sobrevida aos ex-BBBs, a volta sem graça do “No Limite” soa mais como um cabide de empregos para subcelebridades do que um programa de entretenimento.
Via Correio do Estado