Nem ressurgimento da polio faz pais levarem filhos para vacinar em Campo Grande
Mesmo com a confirmação do ressurgimento da poliomielite no Brasil, o plantão para vacinação anunciado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em Campo Grande, teve baixíssima procura. Um dos três pontos de vacinação visitados, no bairro Moreninhas, teve apenas três imunizações na manhã deste sábado (8).
O cenário preocupa, pois além da cobertura da vacina contra a pólio (poliomielite) estar em 63% em MS – sendo apenas 25,7% em Campo Grande – o Ministério da Saúde investiga o primeiro caso suspeito da doença, registrado no Pará, 33 anos após ser erradicada.
A baixa procura nas unidades de saúde é motivo de lamento das secretarias de Saúde e, apesar dos plantões aos finais de semana, as unidades ficam ao relento aguardando os pacientes.
Visitada pela reportagem, a USF (Unidade de Saúde da Família) Dr. Judson Tadeu Ribas teve pouco movimento. Lá, a reportagem conversou com servidoras que trabalhavam e foi informado que os pais até levam as crianças para serem imunizadas, mas, esquecem o principal: a carteirinha de vacinação do filho.
“Tem mãe que chega e fala: ‘Vim trazer meu filho para tomar gotinha’, mas, quando pedimos a carteirinha, falam que esqueceram. Precisamos da carteirinha para fazer o controle”, explicou.
Neste sábado (8), onde unidade funciona até às 17h, uma moradora levou o filho para vacinar, mas esqueceu o documento em casa. “Ela disse que voltaria mais tarde para vacinar”, relatou a funcionária. Por fim, até o meio dia do sábado, apenas três crianças se vacinaram contra a pólio.
Cobertura contra a pólio
Mato Grosso do Sul terminou a campanha de vacinação contra a Poliomielite com a cobertura muito abaixo do esperado e, com um caso em investigação no Pará após 33 anos, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) acendeu o alerta para a reintrodução da doença no território nacional.
“Nós temos em circulação o sarampo no Brasil em 4 estados. Nós temos a iminência de Poliomielite reintroduzindo no país. Então nós, enquanto Secretaria Estadual de Saúde, nós ficamos realmente muito cautelosos e muito preocupados”, diz a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SES, Ana Paula Rezende, ao Jornal Midiamax.
Segundo dados da Pasta, a cobertura vacinal da pólio em MS está em 63,7%, quando a meta é de 95%. Para Ana Paula, os pais não têm procurado a vacinação, que é de extrema importância para as crianças. “A gente nota que realmente que é falha dos pais, mas não por desacreditar na vacina, mas por ter a falsa sensação de que as doenças não mais existem. Tanto o sarampo, caxumba, poliomielite, rotavírus, febre-amarela, mas isso tudo não é verdade”, revela.
No Estado, a campanha aplicou 109.206, tendo um público-alvo de 173.154 crianças de 1 a 4 anos. A SES atua como intermediária entre o Ministério da Saúde e as secretarias de saúde dos municípios. Por conta da baixa cobertura a nível nacional, o Governo Federal deliberou e permitiu que a campanha seja prorrogada, conforme desejo das cidades.
Conforme a SES, 14 cidades de MS registraram cobertura vacinal abaixo dos 60%:
- Itaporã – 59,10%
- Maracaju – 58,80%
- Juti – 58,30%
- Japorã – 57,57%
- Rio Brilhante – 53,46%
- Terenos – 51,76%
- Água Clara – 47,37%
- Nova Alvorada do Sul – 44,07%
- Sidrolândia – 44,05%
- Bela Vista – 43,35%
- Anaurilândia – 43,14%
- Coxim – 42,84%
- Ribas do Rio Pardo – 41,25%
- Campo Grande – 25,71%
Via Midiamax