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NASA anuncia missões para revelar mistérios da infância do Sistema Solar

Redação

[Via Correio do Estado]

Quando um adulto quer recordar momentos inacessíveis da primeira infância, costuma recorrer aos pais à procura de histórias, fotografias ou vídeos que remontem àqueles momentos imemoriais que parecem perdidos no tempo. Mas se a ideia for sondar o período em que o Sol era um bebê recém-nascido, é preciso recorrer a sondas que se aventurem em lugares jamais explorados pelos humanos até agora. É exatamente isso o que a NASA pretende fazer, conforme anunciou em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (4) em Washington.

A agência espacial oficializou o financiamento de duas novas missões espaciaisdedicadas a compreender os anos mais obscuros de nosso Sistema Solar: estamos falando de 10 milhões de anos depois da formação de nossa estrela-mãe. Hoje ela tem mais de 4,5 bilhões. Naqueles tempos, nossa vizinhança cósmica era caótica, repleta de protoplanetas que colidiam constantemente um contra o outro. Não havia muita estabilidade em termos planetários. Acontece que esse caos todo deixou rastros que flutuam até hoje pelo espaço: os asteroides.

No material primordial que eles preservam intacto estão as pistas necessárias para entender como o Sistema Solar se formou e se tornou o que é hoje. Os asteroides são tão importantes que as duas novas missões anunciadas pela NASA, Psyche e Lucy, têm eles como objeto de estudo. "Lucy irá visitar um ambiente rico em alvos dos misteriosos asteroides troianos de Júpiter, enquanto Psyche vai estudar um asteroide de metal único que nunca foi visitado antes", diz em comunicado Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretório de Missões Científicas da NASA.

Ambas as missões foram selecionadas a partir de cinco finalistas do Programa Discovery, que promove missões de exploração espacial de baixo custo com objetivos bem específicos. Com custo estimado de US$ 450 milhões cada, a primeira a ser lançada será Lucy, em 2021: ela fará uma viagem até a órbita de Júpiter, onde estudará entre 2027 e 2033 seis asteroides de um grupo chamado de "troianos de Júpiter".

OS FÓSSEIS DO SISTEMA SOLAR

Acredita-se que sejam restos primordiais da formação dos gigantes gasosos exterioresque foram capturados pela gravidade jupiteriana. "Eles carregam pistas vitais para decifrar a história do Sistema Solar. Lucy, como o fóssil humano pelo qual foi nomeada, vai revolucionar o entendimento de nossas origens", disse no mesmo comunicado Harold Levison, investigador principal da missão e pesquisador do Southwest Research Institute, no Colorado.

Já Psyche será lançada em 2023 para explorar a partir de 2030 um alvo muito especial no cinturão de asteroides, localizado entre Marte e Júpiter: um gigantesco asteroide metálico de 210 quilômetros de diâmetro. Composto de ferro e níquel, tem a mesma composição do núcleo da Terra. E é exatamente isso o que os astrônomos pensam que ele é — o núcleo de um protoplaneta que foi despedaçado devido à violência daquelas colisões caóticas que ocorriam há bilhões de anos.

Estudá-lo fornecerá aos cientistas a chance única de visitar um núcleo planetário e entender como os planetas e outros corpos foram separados em camadas no início de suas existências. "É uma oportunidade de explorar um novo tipo de mundo, não um de rocha ou de gelo, mas de metal", diz a investigadora principal da missão Lindy Elkins-Tanton, da Arizona State University. É como olhar para fora para entender o planeta Terra por dentro. E as provas, como a NASA mais uma vez deixou bem claro, estão escondidas nos asteroides, os fósseis do Sistema Solar.

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