“Não vamos deixar a desordem prevalecer”, disse Riedel sobre queda do Marco Temporal no STF
Tema foi abordado durante reunião do Fórum de Governadores do Brasil Central, realizada em Goiás
Durante reunião do Fórum de Governadores do Brasil Central, o goverdador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, demonstrou preocupação acerca da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de invalidar o Marco Temporal, exigindo responsabilidade e segurança jurídica no campo.
“Este é um tema [marco temporal] que Mato Grosso do Sul é extremamente impactado, por isso falo com conhecimento de causa. Após a decisão do STF tivemos quatro invasões no Estado. Não vamos deixar a desordem prevalecer. Temos que ter responsabilidade e segurança jurídica”, destacou o governador.
Riedel ponderou que esta segurança no campo deve seguir junto com a capacidade de investimento nas comunidades indígenas.
“Para que possamos levar desenvolvimento (às aldeias), respeitando a sua cultura, tradição e beleza. São coisas distintas, não podemos deixar criar classes de brasileiros em conflito, mas garantir um marco no tempo e investir na integração das comunidades, apoiar as atividades que eles definirem como prioridade através da sua cultura”, completou.
Saiba: No dia 21 de setembro, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a tese do marco temporal, que sustenta que os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem habitadas por eles em 1988, data de promulgação da Constituição Federal. Após onze sessões para julgar o caso, o resultado foi de 9 votos contra e 2 a favor. Apenas Nunes Marques e André Mendonça se manifestaram favoráveis ao marco temporal; Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Rosa Weber foram contrários.
Durante a reunião, realizada na cidade de Rio Quente, em Goiás, Riedel também tratou de outros temas importantes, como segurança pública e reforma tributária.
O governador destacou a importância de ações em conjunto entre os estados, com foco na inteligência, novos investimentos e integração das forças estaduais, municipais e federais.
“Por estar na fronteira com dois países (Bolívia e Paraguai) já conseguimos muitas vezes blindar a entrada de drogas e armas aos demais estados. Quase mil toneladas apreendidas (drogas) em um ano”.
Também destacou a importância dos grandes temas discutidos em todo mundo, como a transição energética, segurança alimentar e mudança climática.
“No nosso Estado caminhamos para 96% da nossa geração de energia através de fontes renováveis. Já o Pantanal tem 84% do bioma preservado, temos que ter orgulho e capacidade de demonstrar isto mundo a fora”.
O evento também conta com a participação dos governadores Ronaldo Caiado (Goiás), anfitrião do encontro, Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Mauro Mendes (Mato Grosso), Marcos Rocha (Rondônia), Carlos Brandão (Maranhão) e Wanderlei Barbosa (Tocantins). Em pauta temas importantes para o desenvolvimento dos estados, como reforma tributária, marco temporal e segurança pública.
Desenvolvimento e articulação
O Consórcio Brasil Central tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento e articulação política dos estados, em pautas comuns que vão trazer benefícios econômicos e sociais para população. O grupo também tem o foco em ações e atividades sustentáveis, com a troca de informações e experiências no setor.
Outro tema em pauta é a reforma tributária que está no Congresso.
“Nossa bancada do Senado Federal já tem pronta oito emendas para reforma. Já tenho informação que são 240 emendas apresentadas. Ninguém discorda que é necessário ao Brasil modernizar nosso sistema, mas tem que saber como, em que grau de responsabilidade”, disse Riedel.
Com a participação de sete estados, o Brasil Central representa 27 milhões de brasileiros, abrangendo 875 municípios, demonstrando sua relevância no cenário nacional. Neste momento a presidência está sob a liderança do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes.
No final da reunião do Fórum, os governadores assinam a “Carta de Goiás”, documento que traz o posicionamento dos gestores sobre os assuntos debatidos.
Via Correio do Estado MS