Inflação dos alimentos segue em alta e preocupa impacto no bolso dos consumidores
Alta dos alimentos no Brasil em 2024 foi influenciada por uma combinação de fatores como condições climáticas adversas, aumento da demanda impulsionado pela melhoria do emprego e da renda, além da desvalorização cambia
A alta dos alimentos no Brasil em 2024 foi influenciada por uma combinação de fatores como condições climáticas adversas, aumento da demanda impulsionado pela melhoria do emprego e da renda, além da desvalorização cambial, que resultou em um crescimento das exportações de produtos alimentícios. De acordo com o economista Matheus Dias, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a tendência é que a inflação continue acelerando em 2025.
“No curto prazo, não enxergo perspectivas de melhoras nos preços para o consumidor. É algo que a gente vai ter que acompanhar ao longo do ano”, alerta Dias.
O grupo de alimentação e bebidas foi responsável por um terço da inflação de 2024, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE. Os preços dos alimentos subiram 7,69%, enquanto a inflação geral cresceu 4,83%. O aumento da carne chegou a 20,84%, registrando a maior alta desde 2019.
Pressão sobre os preços continua em 2025
No início de 2025, o excesso de chuvas em regiões produtoras afetou a oferta de hortifrútis, agravando a pressão inflacionária. Além disso, o aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis e o reajuste do diesel encarecem o transporte de mercadorias, elevando ainda mais os custos para os consumidores.
As previsões do mercado financeiro para a inflação em 2025 estão em alta há 16 semanas consecutivas, alcançando 5,51%, conforme divulgado pelo Boletim Focus do Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reconheceu que o alto preço dos alimentos deve persistir, com risco de novo estouro da meta de inflação.
Dólar elevado e exportação fortalecida
A desvalorização do real frente ao dólar tem contribuído para a alta dos alimentos, uma vez que muitas commodities, como carne, milho e soja, são negociadas no mercado internacional. Mesmo que a soja não seja consumida diretamente pela população, ela tem um papel fundamental na pecuária, impactando os preços das carnes bovina e de aves.
“A expectativa é que o preço da carne continue em patamar elevado devido à inversão do ciclo da pecuária, que reduzirá a oferta”, explica Dias. “O dólar forte também favorece as exportações, pressionando os preços no mercado interno”.
Impacto dos juros e estratégias para o consumidor
A alta dos juros também pode afetar a inflação pelo canal do crédito, reduzindo o consumo e freando a demanda. No entanto, o efeito sobre os preços dos alimentos tende a ser limitado, pois muitos desses produtos dependem de fatores externos, como o clima e a taxa de câmbio.
Diante desse cenário, especialistas recomendam que os consumidores busquem alternativas para driblar os aumentos. “A solução é se ajustar à alta dos preços, procurando marcas e estabelecimentos que ofereçam melhores condições”, aconselha Dias.
Possíveis soluções do governo
O governo federal tem estudado medidas para conter a inflação dos alimentos, mas enfrenta desafios estruturais. Políticas de controle de preços são vistas como insustentáveis a longo prazo, já que os custos podem se tornar elevados e gerar desequilíbrios fiscais.
“Os alimentos são muito sensíveis às condições climáticas, especialmente os in natura, como batata e hortaliças, que não passam por processamento industrial. A principal solução para estabilizar os preços é contar com condições climáticas mais favoráveis”, finaliza o economista.
A expectativa é que, ao longo de 2025, a inflação mantenha-se em níveis elevados, exigindo atenção redobrada por parte dos consumidores e decisores políticos.
Via Enfoque MS