Em MS, mais de 32 mil produtores rurais estão com o nome negativado
Inadimplência do setor é menor que da população urbana economicamente ativa em Mato Grosso do Sul
Levantamento inédito feito pela Serasa Experian aponta que 25,8% dos produtores rurais de Mato Grosso do Sul estão negativados. O estudo foi realizado em novembro do ano passado e divulgado em primeira mão pelo Correio do Estado. Foram 125.017 produtores analisados, dos quais 32.254 estão com o nome sujo.
Apesar de o número ser expressivo, entre os estados da Região Centro-Oeste, MS tem o menor porcentual de fazendeiros inadimplentes. Conforme os dados, o Distrito Federal tem 36,5% da população rural economicamente ativa negativada, seguido por Mato Grosso, com 33,1%, Goiás, com 29%, e Mato Grosso do Sul, 25,8%.
A média nacional também está acima da registrada no Estado, 27%. Outros estados que também figuram como grandes atores da agropecuária, Rio Grande do Sul e Paraná têm, respectivamente, 13,9% e 16,9% dos produtores rurais inadimplentes.
O head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, explica que o porcentual de inadimplência indicado não deve ser visto como algo alarmante para o setor.
“Mesmo com os reflexos da pandemia e da instabilidade econômica, o agronegócio se mostrou forte e seguiu ocupando lugar como um dos principais motores econômicos do País”.
E ainda reforça que a inadimplência é um fator financeiro que acontece em todas as áreas.
“Quando olhamos para a fatia do agro, podemos perceber sua baixa representatividade. A maior parte dos produtores rurais brasileiros consegue evitar a negativação e continua gerando empregos, cultivando e expandindo seus ganhos e mitigando os riscos de suas negociações”, analisa.
A importância da adimplência, no caso dos produtores, se dá por uma maior necessidade de conseguir crédito com os agentes financeiros.
FAIXA ETÁRIA
O levantamento ainda aponta que 682.093 produtores rurais do Centro-Oeste brasileiro estavam em situação de inadimplência em novembro de 2022, número que corresponde a 30,4% dos trabalhadores do campo na região.
O recorte por faixa etária revela que 33% dos produtores rurais que têm entre 31 anos e 40 anos estão com o nome no vermelho, representando a maior fatia, e aqueles que têm entre 41 anos e 50 anos ficam em segundo lugar, com 32,2%.
A menor fatia fica com as pessoas acima de 60 anos, com 28,9% dos produtores rurais negativados.
Os dados do estudo mostram, ainda, que em novembro de 2022 a Região Sul do Brasil registrou a menor fatia de negativação rural, com 14,8%.
A análise das outras partes do Brasil mostrou que o Sudeste veio logo em seguida, com 24,4%. Depois, em ordem crescente, estavam as regiões Centro-Oeste (30,4%), Nordeste (32,9%) e Norte (38,4%).
POPULAÇÃO GERAL
Outro recorte da pesquisa compara a negativação da população urbana com o produtor rural. Em nível estadual, a inadimplência dos produtores rurais se mostrou maior do que a da população geral somente no Maranhão e Roraima.
No Maranhão, 41,5% da população rural está com o nome sujo e 39,1% dos moradores da zona urbana estão inadimplentes. Em Roraima, o porcentual de ruralistas com nome sujo chega a 50%, enquanto o da população em geral foi a 47,9%.
Em Mato Grosso do Sul, o porcentual de inadimplentes na zona urbana é de 47,4%, quase o dobro do total de ruralistas.
Conforme publicado no Correio do Estado na edição de 1º de janeiro de 2023, a população inadimplente em Mato Grosso do Sul cresceu.
Em 2019, o total de devedores com o nome negativado era de 792.751 no Estado, já em 2022, conforme dados da Serasa Experian, o ano terminou com 991.092 sul-mato-grossenses com o nome sujo na praça – um recorde que representa um aumento de 25% (ou 198.341 devedores) em quatro anos.
Além do número de pessoas, o valor médio da dívida também aumentou no período. Em 2019, era de R$ 4.235,17; em 2020, passou para R$ 4.320,40; em 2021, chegou a 4.316,8; e, em 2022, saltou para R$ 4.815,44.
Segundo o mestre em Economia Eugênio Pavão, a facilidade de acesso ao crédito, os juros altos nas últimas décadas e a pouca expectativa de melhora de renda elevaram os números para patamares considerados altos.
“Diante desse quadro de alta inadimplência, inflação fora da meta [corroendo a renda] e desemprego agravado pela pandemia, faz-se necessário programas das instituições públicas e privadas para recuperar a capacidade de consumo da população”, considera o economista.
Saiba: Metodologia utlizada no levantamento – O estudo de inadimplência do produtor rural foi produzido pela Serasa Experian em novembro de 2022.
Foram analisados cerca de 9 milhões de perfis de pessoas físicas que constam no Cadastro Positivo e que são donas de propriedades rurais e/ou que possuam empréstimos e financiamentos da modalidade rural e/ou agroindustrial distribuídos em todas as 27 unidades federativas do País.
Via Correio do Estado MS