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Meio Ambiente

Calor fora de época aumenta riscos para a saúde e favorece queimadas

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Ontem, algumas cidades do Estado, como Porto Murtinho, registraram máximas de 40°C

O inverno em Mato Grosso do Sul é conhecido por ser uma época seca, mas neste ano um outro fator tem chamado atenção: o calor. Ontem, algumas cidades do Estado, como Porto Murtinho, registraram máximas de 40°C. Por conta dessa situação de temperaturas extremas, especialistas alertam para cuidados com a saúde. 

A médica Carolina Albuquerque, especialista em clínica médica na Unimed Campo Grande, explica que entre os fatores de risco para os seres humanos estão a insolação, a desidratação e os problemas respiratórios, na pele e até mesmo cardiovasculares. 

“O forte calor causa uma elevação da temperatura corporal e, em consequência, ocorre um aumento da transpiração, que em algumas situações pode provocar quadros de desidratação e alterações cardiovasculares”, afirma a médica, que ressalta que a principal complicação causada pelo clima quente é a desidratação. 

Os animais também sentem esses impactos climáticos. O professor de biologia Rodrigo Hahn aponta que os bichos passam por problemas parecidos com os dos seres humanos, principalmente respiratórios. 

Algumas raças de cachorros e gatos são, inclusive, mais propensas a terem problemas respiratórios, principalmente tosses, e devem ser acompanhadas com cuidado, pois, em alguns casos, podem precisar de tratamento específico e de inalação. 

Além da forte onda de calor que vem atingindo diversas partes do mundo, há também alterações bruscas de temperatura, que afetam a saúde das pessoas. O otorrinolaringologista Bruno Higa Nakao diz que as mudanças climáticas podem agravar problemas respiratórios. 

O médico explica que, normalmente, uma mudança brusca na temperatura causa casos de rinite não alérgica de padrão irritativo, que vai apresentar sintomas como obstrução nasal, coriza, dor de cabeça ou espirros, que duram poucos dias. No entanto, em alguns casos, essa rinite evolui para um quadro de rinossinusite aguda viral, e até mesmo bacteriana. 

“Em curto prazo, a variação térmica é um dos fatores que podem desencadear os sintomas de rinite. Já a longo prazo, a pessoa pode ficar um pouco intolerante à mudança de temperatura climática, podendo evoluir para quadros recorrentes de síndrome gripal”, alerta Nakao. 

E, de acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec), neste fim de semana ocorrerá uma mudança na temperatura. No sábado, uma nova frente fria se aproxima do Estado e ocasiona queda acentuada nas temperaturas e possibilidade de chuvas, principalmente na região centro-leste. 

Além disso, o Cemtec destaca que, após a passagem da frente fria, a queda nas temperaturas pode continuar e atingir mínimas entre 8° e 10°C, principalmente na região sul do Estado. Na Capital, a mínima prevista entre domingo e segunda-feira pode variar entre 13° e 15°C. 

QUEIMADAS 

As queimadas também ficam mais frequentes durante essa época de seca. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1° de junho a 23 de agosto deste ano, foram registrados 772 focos de incêndio no Estado, e durante todo o ano foram contabilizados 1.072 focos em MS. 

A cidade com mais notificações de incêndio no período é Corumbá, que registrou 175 focos. Campo Grande vem na segunda colocação, com 60 focos de incêndio, e Rio Verde de Mato Grosso teve 40 alertas. 

O major Pedro Centurião, da Defesa Civil de Campo Grande, alerta que os chamados nessa época do ano aumentam, e as principais causas de queimadas são humanas, principalmente por limpeza de lixo e de terrenos. 

“Em função da baixa umidade relativa do ar e do estado de seca das vegetações, é muto perigoso qualquer tipo de fogo em ambiente verde, porque ele pode se propagar muito rápido, tornando-se um incêndio e trazendo sérios prejuízos para a flora e a fauna, como também para as residências próximas”, ressalta. 
Centurião aponta também problemáticas para a saúde, pois a fumaça produzida, principalmente pelas queimadas de lixo, emite gases tóxicos que são extremamente prejudiciais ao sistema respiratório. 

Essas partículas prejudicam a qualidade do ar, que durante a época de seca tende a ficar no nível moderado, que é aceitável, mas já contém alguns poluentes que podem oferecer risco à saúde. 

Widinei Fernandes, doutor em geofísica espacial pelo Inpe e professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), comenta que a chuva do último fim de semana causou uma limpeza da atmosfera, que diminuiu as concentrações de poluentes, no entanto, com a volta do calor e do tempo seco e com vento, as concentrações de poluentes aumentaram. 

Via Correio do Estado MS

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