Instituição vê acolhimento de mulheres vítimas de violência ‘explodir’ em 2025
Segundo Entidade de Apoio, Capacitação, Instrução e Economia Solidária do Povo, problemas na Casa da Mulher evidenciados pelo “caso Vanessa” força ida dessas vítimas até ACIESP
Casos como o de Vanessa Ricarte, morta em 12 de fevereiro, mostram que a violência contra a mulher é recorrente apesar dos esforços, com entidades que lidam diretamente com a quebra do ciclo violento, como a Instituição de Apoio, Capacitação, Instrução e Economia Solidária do Povo (ACIESP) sentindo na pele a “explosão” dessas ocorrências.
Conforme balanço divulgado pelo presidente da ACIESP, Ceureci Ramos, os atendimentos às vítimas de violência tiveram aumento expressivo neste 2025, na ordem de 60% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
A Instituição cita que, atendeu pelo menos 370 mulheres somente em 2024, das quais 40 se mantinha sob os cuidados da ACIESP desde então, com outros 250 acolhimentos registrados até o dia 06 de janeiro de 2025.
Além disso, Ceureci destaca que, após a divulgação dos” problemas de estrutura e atendimento na Casa da Mulher Brasileira”, houve um aumento na busca pelos serviços da ACIESP.
“Estamos construindo uma casa que poderá abrigar até 20 famílias, mas contamos com poucos recursos e dependemos de doações para oferecer o suporte que essas mulheres merecem”, cita ele.
Feminicídios
Até o primeiro dia de março, seis mulheres já tinham sido vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul, com o último caso registrado sendo o de Giseli Cristina Oliskowiski, morta aos 40 anos, encontrada carbonizada em um poço no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.
Antes dela, o primeiro caso de 2025 foi a morte de Karina Corin, de 29 anos, nos primeiros dias de fevereiro, baleada na cabeça pelo ex-companheiro, Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos.
Já o segundo feminicídio de 2025 em Mato Grosso do Sul foi justmente a morte de Vanessa Ricarte, esfaqueada aos 42 anos, por Caio Nascimento, criminoso com passagens por roubo, tentativa de suicídio, ameaça, além de outros casos de violência doméstica contra a mãe, irmã e outras namoradas.
Após denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul em quatro crimes, em caso de condenação e penas máximas aplicadas, o assassino de Vanessa pode pegar mais de 86 anos de cadeia, como abordado pelo Correio do Estado.
Os outros feminicídios de 2025 vitimaram:
Juliana Domingues, 28 anos | morta com golpes de foice em 18 de fevereiro
Mirieli Santos, 26 anos | assassinada a tiros em 22 de fevereiro
Emiliana Mendes, 65 anos | morta por esganamento em 23 de fevereiro
Combate à violência
Em pedido de apoio, Ceureci lembra que os poderes públicos (Legislativo, Judiciário e Executivo), que inclusive defendem campanhas como a “Todos por Elas” e “Não é Não”, já se uniram em prol da proteção das mulheres e isso precisa ter sequência.
“Nós solicitamos uma emenda coletiva, justamente para que todos possam ajudar com o mínimo! Os que não puderem contribuir, convidamos para vir conhecer o instituto, ver como as vítimas chegam e todo trabalho de resgate às vidas e quebra do ciclo da violência e dos casos de feminicídio”, afirma ele.
Na manhã de hoje (06), o deputado Pedro Kemp (PT) apresentou projeto de lei em busca de medidas para prevenção da importunação sexual em grandes eventos realizados no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul, conforme publicado na Agência ALEMS.
O Projeto frisa ser necessária capacitação, para que todos saibam a forma adequada de como proceder em caso ou suspeita de abuso sexual, assédio sexual e importunação sexual em eventos públicos, nesse caso específico.
Com o próximo 08 de março fazendo alusão ao “Dia Internacional das Mulheres”, o presidente da Casa, Gerson Claro (PP) afirmou, em café da manhã às servidoras públicas hoje (06), que a violência contra a mulher trata-se de uma “doença da sociedade”.
“É somente na hora que a gente cria coragem de expor que vivemos em uma sociedade doente, que vamos combater de maneira forte. Vamos continuar falando que não aceitamos conviver com esses índices de violência, vamos mudar protocolos de Segurança, vamos cobrar mais estrutura e votar projetos sociais, apesar de algumas pessoas criticarem, mas nós vamos continuar”, complementou.
Nesse sentido, flagrantes de violência doméstica e contra a mulher podem [e devem] ser denunciados pelos seguintes telefones:
Polícia Militar – disque 190.
Central de Atendimento à Mulher – ligue 180
Patrulha Maria da Penha: ligue 153.
Importante lembrar que, a primeira Casa da Mulher Brasileira do País fica localizada na Rua Brasília, lote A, quadra 2, no bairro Jardim Imá em Campo Grande, atendendo pelo telefone: 2020-1300.
Via Correio do Estado MS